Indignar-se é o primeiro passo para tentar ser justo e humano no Brasil. Indignar-se com as injustiças que nos tomam todos os sentidos.
Adiou-se o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) depois de intensa pressão. Mas, mesmo diante da escandalosa desigualdade entre os competidores, nenhuma medida foi tomada para amenizar o desequilíbrio nas condições de acesso às universidades públicas, um bem e serviço que deveria ser direito comum.
Como pobres sem computador, celular e nem internet podem competir? O que impede que um país com as dimensões e as riquezas do Brasil cadastre os concorrentes que não têm condições de acesso à internet e garanta os meios – um tablet, computador, aulas virtuais monitoradas – para todos?
Não são obstáculos técnicos intransponíveis que dificultam uma ação emergencial que garanta equidade mínima entre ricos e pobres na disputa por uma vaga nas melhores universidades do país, que são as públicas. As barreiras são ideológicas, são opções políticas mesquinhas e egoístas. O governo neofascista e a direita capitalista que o apoia tentam ocultar suas opções em defesa de seus próprios interesses egoístas com o que chamam de meritocracia – palavra mistificadora, sinônimo de privilégio de classe que querem perpetuar.
Na verdade, querem o poder do Estado, a força policial e as armas para garantir que o conhecimento, a riqueza e o simples direito a uma vida digna continuem sendo direito exclusivo, uma espécie de propriedade privada, de uma minoria.
Por esta razão, combatem política de cotas e de reparação, ações afirmativas e atacam a universalidade dos serviços públicos. Essa direita cultua a morte, a violência e o ódio de modo frio e calculista, para manter-se no topo de uma sociedade cada vez mais desigual. Seus valores de classe dominante racista, sexista, exploradora e excludente são difundidos diariamente através do que chama de guerra cultural. Sua “utopia” invertida é garantir a desumanidade, as desigualdades e injustiças. Defendem abertamente a morte de quem sonha e luta em busca de uma sociedade com direitos e oportunidades iguais para todos.
Por isso, depois da vitória do adiamento do ENEM, é preciso lutar por ações emergenciais de apoio aos estudantes mais pobres que se esforçam para fazer a prova e entrar nas universidades
Referências de https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/05/21/desanimado-mesmo-tendo-adiamento-diz-aluno-do-rj-sem-computador-celular-e-internet-para-estudar-para-o-enem.ghtml